O século XX foi um tempo cheio de guerras, mortes, ditaduras e tragédia. Buenos Aires não escapa dessa história e está marcada por eventos dramáticos, cuja lembrança nos convida a reflexão sobre o tipo de sociedade que queremos construir em nossa cidade.
Sob a premissa de que estes lugares que contêm marcas e símbolos do passado trágico nos abrigam a projetarmos para frente com uma cidade aberta, democrática e plural. Buenos Aires tem feito um trabalho urbano de reconstrução de seus lugares de memória como poucas cidades no mundo.
O edifício que a Escola de Mecânica da Armada (ESMA) funcionava foi um dos principais centros clandestinos de detenção, tortura e extermínio durante a última ditadura militar. Ali milhares de pessoas foram torturadas e assassinadas cujos restos, em sua maioria, nunca foram encontrados, dali o conceito de "desaparecido", que marca a história política e social da Argentina.
Se estima que cerca de 5.000 pessoas foram sequestradas ilegalmente e desapareceram. Além disso, funcionou uma maternidade clandestina, na qual nasceram pelo menos 34 bebês, a maioria dos quais foram adotados pelos opressores.
Atualmente, transformado no Espaço para a Memória, Promoção e Defesa dos Direitos Humanos é considerado uma referência em matéria de políticas públicas da memória, democracia, educação e direitos humanos em todo o mundo.
Endereço: Av. del Libertador, 8151
Este centro clandestino de detenção, tortura e extermínio funcionou do dia 16 de agosto de 1978 até o final de janeiro de 1979, em um local que pertence a Divisão Automotores da Polícia Federal. Se estima que cerca de 500 militantes de diversas organizações políticas foram mantidos em cativeiro ali, a maioria dos quais permanecem desaparecidos. Em 2003, a Legislatura da Cidade o declarou como sitio histórico.
Endereço: Rua Ramón Falcón, 4250
Chamado de "El Jardín" pelos opressores, funcionou entre maio e novembro de 1976 como centro clandestino de detenção, sob o controle da Secretaria de Inteligência do Estado (SIDE). Se estima que ao redor de 300 pessoas foram sequestradas, que em sua maioria continuam desaparecidos.
Endereço: Rua Venancio Flores, 3519
Funcionou durante toda a última ditadura cívico-militar (1976-1983) e dependia do Serviço de Inteligência da Força Aérea.
Endereço: Rua Virrey Cevallos, 628
Entre fevereiro e dezembro de 1977, funcionou um centro clandestino no sótão da então sede do Serviço de Abastecimento e Oficinas da Polícia Federal, onde se calcula que mais de 1.500 pessoas foram sequestradas e torturadas, muitas das quais continuam desaparecidas. Em 1978, foi demolido para a construção da Autopista 25 de Mayo; em 2005, a Legislatura da Cidade declarou "sítio histórico" a área onde se encontram os restos arqueológicos do Club Atlético.
Endereço: Av. Paseo Colón entre a Rua Cochabamba e Av. San Juan
Criado em 1998, localizado em frente ao Rio da Prata, o Parque da Memória - Monumento às Vítimas do Terrorismo de Estado, é um espaço de catorze hectares presidido por um monumento com os nomes dos desaparecidos e os assassinados pela última ditadura militar (1976-1983). É também um lugar cheio de arte contemporânea: a produção estética portenha (e internacional) de artistas renomados e compromisso dotam o lugar com uma capacidade de reflexão intensa. É também um local frequentado por presidentes e líderes de todo o mundo, para homenagear muitas vítimas que foram jogadas no rio enquanto estavam sedadas nos chamados "voos da morte".
Endereço: Avenida Rafael Obligado, 6745 (ao lado a Cidade Universitária).
Os grupos Bairros pela Memória e a Justiça coloca azulejos naqueles lugares onde ocorreram sequestros durante a última ditadura militar. Caminhando pela cidade se pode encontrar em todos os bairros, como um modo de deixar uma marca de memória no tecido urbano pelo que nos deslocamos cotidianamente. Há mais de 1500 azulejos em toda a Cidade desde que inaugurou a primeira em frente a Igreja de Santa Cruz, que lembra Azucena Villaflor, Esther Ballestrino de Careaga, María Ponce de Blanco e as monjas francesas Alice Domon e Leonie Duquet.
Localizada no coração da cidade, em frente a Casa Rosada (sede do governo nacional), a Plaza de Mayo é o lugar onde as principais manifestações políticas desde a década de 1940 até o presente são realizadas. É o lugar das reclamações, atos políticos, marchas, festejos e concentrações populares massivas da cidade.
Durante a última ditadura cívico-militar, as Madres da Plaza de Mayo (Mães da Plaza de Mayo) marcharam em rondas todas quintas-feiras ao redor da Pirâmide localizada no centro da Plaza, pedindo a aparição com vida de seus filhos. No chão ao redor dessa Pirâmide está pintado o símbolo das Madres (lenços brancos), que continua como testemunha do pedido de verdade e justiça. As rondas continuam a cada quinta-feira às 15h30.